Congresso N-NE de Cardiologia 2023

Dados do Trabalho


Título

PREDITORES DE ISQUEMIA MIOCÁRDICA SILENCIOSA E O SIGNIFICADO HEMODINÂMICO DA SÍNDROME CORONARIANA CRÔNICA ASSINTOMÁTICA

Introdução

A isquemia miocárdica silenciosa se trata da ausência de sintomas diante de síndrome coronariana crônica (SCC) já estabelecida. Este estudo tem como objetivo avaliar os preditores de isquemia silenciosa, bem como o significado ecocardiográfico dessa condição subclínica pouco compreendida.

Métodos

Estudo transversal, analítico. A amostra foi obtida a partir de um banco de dados de pacientes submetidos à ecocardiografia sob estresse físico (EEF) entre 2000 e 2023, em Sergipe (n=15.146). Os indivíduos assintomáticos (n=3.014) foram divididos em dois grupos: I) Pacientes assintomáticos com isquemia confirmada à EEF (isquemia silenciosa); e II) Pacientes assintomáticos sem isquemia à EEF. Foram considerados assintomáticos os pacientes sem dispneia ou precordialgia. A análise univariada foi realizada por meio de teste Qui-Quadrado e T de Student. Preditores de isquemia silenciosa foram determinados por meio de regressão logística binária [método Forward (Wald)]. Nível de significância de 5% foi definido como critério de permanência no modelo de regressão e para as demais análises.

Resultados

Dos 3.014 pacientes, 497 apresentavam isquemia silenciosa (16,5%), 1375 eram mulheres (45,6%), 1527 apresentavam dislipidemia (50,7%), 452 eram diabéticos (15,0%) e 1680 hipertensos (55,7%). Foram preditores de isquemia silenciosa: tabagismo (OR: 2,06; IC95%: 1,30-3,28; p=0,002); sexo feminino (OR: 1,74; IC95%: 1,39-2,19; p<0,001); história familiar de SCC (OR: 1,65; IC95%: 1,31-2,08; p<0,001); dislipidemia (OR: 1,61; IC95%: 1,28-2,03; p<0,001); diabetes mellitus (OR: 1,55; IC95%: 1,19-2,03; p=0,001); hipertensão arterial (OR: 1,43; IC95%: 1,12-1,83; p=0,004) e idade (OR: 1,022; IC95%: 1,011-1,034; p<0,001). Os indivíduos com isquemia silenciosa apresentaram maior índice de massa do ventrículo esquerdo (IMVE) (p<0,001) e maiores médias de pressão arterial diastólica no pico e final do esforço físico (p<0,05). Além disso, isquemia silenciosa se relacionou a menores médias de fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) (p<0,001) e menor aptidão cardiorrespiratória à EEF (p<0,001).

Conclusões

Tabagismo, sexo feminino e história familiar de SCC foram preditores de isquemia miocárdica silenciosa, a qual, por sua vez, relacionou-se com maior IMVE e menor FEVE. Esses achados ratificam a importância dos testes funcionais para isquemia em pacientes assintomáticos com fatores de risco importantes para SCC silenciosa, uma vez que essa entidade subclínica já se relaciona a repercussões hemodinâmicas à EEF.

Área

Medicina

Instituições

Hospital Primavera - Rede Primavera de Saúde - Sergipe - Brasil, Hospital São Lucas - Rede D'Or São Luiz - Sergipe - Brasil, Universidade Federal de Sergipe - Sergipe - Brasil

Autores

José Icaro Nunes Cruz, Gabriela de Oliveira Salazar, Cláudia Bispo Martins-Santos, Antônio Carlos Sobral Sousa, Stephanie Macedo Andrade, Iana Carine Machado Bispo, Andrey de Oliveira Cunha, Jade Soares Dória, Ana Flávia Silveira de Souza, Gabriel Oliveira de Arimatéa, Bianca Holz Vieira, Joselina Luzia Menezes Oliveira