Dados do Trabalho

Título

Correlação eletrocardiográfica e epidemiológica de pacientes atendidos em unidades básicas de saúde no estado do Piauí: experiência inicial do núcleo de telessaúde do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí

Introdução

Laudos de eletrocardiogramas à distância (telediagnóstico) podem ser ferramenta útil no manejo de doenças cardiovasculares, antecipando diagnósticos e permitindo gerenciamento de serviços de saúde em áreas remotas, distantes de centros especializados.

Métodos

Trata-se de um estudo observacional transversal, analítico, utilizando dados secundários da plataforma SMART do Ministério da Saúde relacionados ao Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI). Foram avaliados os dados dos pacientes que realizaram eletrocardiograma (ECG) nas UBS de Teresina e outros Municípios do Interior do Piauí que foram enviados para o núcleo de telessaúde do HU-UFPI, no período de novembro de 2020 a maio de 2022. Para a análise estatística foram analisados, com o uso do software R dados de sexo, idade, a presença e o número de alterações, bem como as alterações encontradas nos ECG por meio de frequências absolutas e percentuais. Para o diagnóstico eletrocardiográfico foram incluídos alterações de repolarização ventricular, infarto antigo, bloqueios de ramo, isquemia, distúrbio de condução, arritmias e sobrecargas de câmaras ventriculares. A associação entre as variáveis sexo e idade e o desfecho presença de complicações foi analisada por meio de uma regressão logística. As hipóteses testadas foram bilaterais e o nível de significância adotado foi de 5% (α = 0,05).

Resultados

Dentre 36.593 traçados disponíveis na plataforma SMART foram avaliados 27.955 traçados de ECG provenientes de 61 unidades executoras ativas. O ECG foi normal em 78,3% dos casos, a maioria era do sexo feminino (63%) e a idade média foi 51,9±17,3. Dentre os 21,7% de ECG alterados destacam-se as alterações de repolarização (8,57%), distúrbios de condução (5,89%) e arritmias (n=1551; 4,24%). Alterações de isquemia aguda foram observadas em 146 pacientes, 0,4% dos casos e fibrilação atrial em 121 pacientes que correspondeu a 0,3% dos ECG realizados.
Houve associação de ECG alterado com idade mais avançada (p<0,0001) e sexo masculino (p<0,0001).

Conclusões

Houve prevalência do sexo feminino e a taxa de ocorrência de alterações de ECG em UBS foi elevada, presentes em aproximadamente um quarto da população avaliada e se associaram significativamente com o avançar da idade e com o sexo masculino. O registro de alterações clinicamente relevantes, incluindo FA e isquemia aguda, foi baixo.