Dados do Trabalho

Título

O PAPEL DA DISFUNÇÃO DIASTÓLICA DO VENTRÍCULO ESQUERDO NA INVESTIGAÇÃO DE SÍNDROME CORONARIANA CRÔNICA SOB A ÓTICA DA PROBABILIDADE PRÉ-TESTE

Introdução

A ecocardiografia sob estresse físico (EEF) faz parte do arsenal propedêutico utilizado na investigação de síndrome coronariana crônica, conjuntamente permitindo a avaliação da função diastólica do ventrículo esquerdo. A fisiopatologia da isquemia miocárdica também incorre em mecanismos de disfunção diastólica do ventrículo esquerdo (DDVE) em variados níveis. O presente estudo objetivou avaliar a associação entre DDVE e isquemia miocárdica em pacientes submetidos a EEF sem diagnóstico prévio de síndrome coronariana crônica sob a ótica da probabilidade pré-teste (PPT).

Métodos

Estudo transversal a partir de um banco de dados de 15051 EEF realizadas em um serviço particular de Aracaju, Sergipe, entre 2000 e 2023, pelo software IBM SPSS Statistics 22. 2999 testes de pacientes sem diagnóstico prévio de síndrome coronariana crônica (>30 anos) foram selecionados e agrupados em cinco grupos: assintomáticos sem determinantes de risco (ASD), assintomáticos com determinantes (ACD) e sintomáticos com PPT<5%, PPT5-15% e PPT>15%. A previsão de PPT utilizou como base o modelo de Juarez-Orosco et al, 2019, sendo 15% o divisor entre PPT baixa e intermediária/alta. Os determinantes considerados foram tabagismo, diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia, antecedentes familiares de síndrome coronariana e ergometria positiva. A associação entre DDVE e isquemia miocárdica foi atestada pelo teste de Qui-quadrado de Pearson, seguida de regressão logística binária entre as variáveis.

Resultados

O grupo ACD foi o mais frequente (88,5%), seguido dos sintomáticos com PPT5-15% (4,6%), ASD (3,3%), sintomáticos com PPT>15% (2,4%) e PPT<5% (1,2%). Em todos os grupos, os determinantes mais frequentes foram tabagismo, antecedentes familiares e hipertensão arterial, em ordem decrescente. A regressão logística das variáveis tendo como parâmetro uma função diastólica normal revelou que déficit de relaxamento (OR 1,83; IC 95%: 1,28 – 2,62) e padrão pseudonormal (OR 2,06; IC 95%: 1,36 – 3,14) associaram-se a isquemia miocárdica apenas no grupo dos ACD (p-valor = 0,001). Não houve associação estatística relevante entre DDVE e isquemia miocárdica em todos os demais grupos.

Conclusões

Os dados do nosso estudo sugerem que o achado de déficit de relaxamento ou padrão pseudonormal na ecocardiografia de pacientes assintomáticos com determinantes de risco cardiovascular pode justificar investigação complementar para síndrome coronariana crônica.