Dados do Trabalho

Título

ASSISTÊNCIA AOS PACIENTES COM INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO COM SUPRADESNIVELAMENTO DE SEGMENTO ST APÓS IMPLEMENTAÇÃO DO SERVIÇO DE TELECARDIOLOGIA NO ESTADO DE SERGIPE

Introdução

Em junho de 2021, o SAMU-SE implementou o serviço de Telecardiologia (TCL). Esse serviço foi criado com o objetivo principal de melhorar o cuidado ao paciente com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST), de maneira a abreviar o tempo entre o diagnóstico e a reperfusão coronariana, bem como ampliar as taxas de Intervenção Coronária Percutânea primária (ICPp) no Estado. Assim, essa pesquisa tem o objetivo de apresentar os dados referentes ao primeiro ano de funcionamento desse serviço no Estado.

Métodos

Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, descritivo, que analisou os casos de IAMCCST atendidos pelo serviço de TCL do período de agosto de 2021 a julho de 2022. Os dados foram coletados a partir do prontuário eletrônico SAMU 192 (programa E-SUS), e dos prontuários eletrônicos no Hospital de Referência do Estado.

Resultados

Durante o período avaliado, ocorreram 475 casos de IAMCSST no Estado, sendo 305 (64%) pacientes do sexo masculino. A média de idade dos pacientes foi de 61,8 ± 12,4 anos. O principal sintoma apresentado foi dor torácica típica, em 74% dos casos, seguido por epigastralgia (17%), náusea e/ou vômitos (13%) e sudorese fria (11%). Em 22 (5%) ocasiões, os pacientes foram admitidos no serviço de saúde inicial em parada cardiorrespiratória. As comorbidades mais prevalentes foram: Hipertensão Arterial Sistêmica (69%), Diabetes mellitus tipo 2 (36%), tabagismo (29%) e dislipidemia (17%). As principais áreas cardíacas acometidas conforme o Eletrocardiograma foram as paredes inferior (33,4%) e anterior (26,6%). As cidades com maiores números de ocorrências foram: Aracaju (27%); Itabaiana (10%); Lagarto (8%); Estância (7%); Nossa Senhora da Glória (6%); Propriá (6%); Nossa Senhora do Socorro (6%). No momento da avaliação pela TCL, 330 pacientes se encontravam na janela de 12 horas de sintomas. Destes, 166 (50,3%) foram submetidos à ICPp, 53 (16,1%) à trombólise e 111 (33,6%) não foram submetidos à terapia de reperfusão em menos de 12 horas de sintomas, perfazendo assim uma taxa de reperfusão de 66,4%. A taxa de mortalidade intra-hospitalar foi de 13,2%.

Conclusões

A implantação da TCL permitiu um aumento nas taxas de reperfusão e de ICPp ao comparar com dados prévios no Estado. No entanto, a mortalidade dos pacientes segue em níveis elevados. Espera-se uma melhoria progressiva do serviço, a partir do fortalecimento de protocolos assistenciais ao IAMCSST em todo o Estado.