Dados do Trabalho

Título

Síndrome Coronariana Aguda Secundária a Vasoespasmo devido Cardiotoxicidade ao uso de Fluoropirimidina Oral: Relato de Caso

Introdução

A cardiotoxicidade por quimioterápicos corresponde a qualquer alteração no sistema cardiovascular secundária ao tratamento oncológico ou a própria doença de base.A toxicidade cardíaca pelas fluoropirimidinas apresenta-se comumente como dor torácica.O vasoespasmo é o mecanismo predominante da dor torácica nesses pacientes e sua prevalência varia de 1 a 13%.

Descrição do Caso

Paciente masculino, 79 anos, hipertenso, diabético, doença renal crônica não dialítico, com neoplasia de próstata e reto (Quimioterapia com Capecitabina, 3 doses).Admitido na urgência com queixa de dor torácica, sem relação com esforços,de início há 2h.ECG da urgência com padrão de supradesnivelamento de ST difuso, infradesnivelamento discreto de PR,além de elevação dos níveis de troponina.Iniciada investigação etiológica para o quadro, sendo comparados Ecocardiogramas transtorácicos pré e pós quimioterapia com redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (63% → 43%) e hipocontratilidade difusa.Ressonância magnética cardíaca com déficit de perfusão efêmero em paredes anterior apical e ínfero-lateral basal e realce tardio mesocárdico discreto envolvendo parede ínfero-septal basal.Cineangiocoronariografia com Coronária Direita não dominante com lesão ostial de 90% seguida de lesão suboclusiva em terço médio, bem como lesões de 30% em Tronco da Coronária Esquerda e Descendente Anterior.Levando em consideração que os achados coronarianos seriam crônicos, foi aventada hipótese de vasoespasmo coronariano.Em decisão multidisciplinar (CardioOncologia e Oncologia)foi optado por modificar esquema quimioterápico de Capecitabina para 5-Fluouracil em bolus como alternativa para redução da incidência de vasoespasmo e tratado com bloqueador do canal de cálcio.Seguimento do paciente e o mesmo evoluiu com melhora da função ventricular e manutenção do tratamento oncológico visando cura.As fluoropirimidinas são o segundo grupo de quimioterápicos mais associados à cardiotoxicidade, após as antracicilinas, cujo efeito tóxico endotelial propicia resposta predominantemente na forma de vasoespasmo.

Conclusões

Apesar de a Capecitabina ser a opção de tratamento oral com menor cardiotoxicidade, pode-se perceber que em pacientes com alto risco cardiovascular e uso de poucas doses há a possibilidade de cardiotoxicidade.Entretanto, com acompanhamento por equipe multidisciplinar(CardioOncologia e Oncologia)é possível continuar tratamento oncológico curativo do paciente e garantir segurança cardiovascular durante todo o seu seguimento.