Dados do Trabalho
Título
DISSECÇÃO DA ARTÉRIA VERTEBRAL COM ACOMETIMENTO ISQUÊMICO DO CEREBELO NA VIGÊNCIA DA COVID-19.
Introdução
A dissecção da artéria vertebral (DAV) é rara, cerca de 1/100.000 pessoas, ocorre geralmente na túnica íntima, gerando dissecção da parede do vaso pelo sangue arterial e hematoma intramural, viabilizando a formação de êmbolos. O comprometimento da circulação ocasionado pela estenose arterial e/ou os êmbolos distais são causadores dos sintomas da dissecção e do acidente vascular cerebral (AVC), responsáveis por 10-25% dos casos de AVC em jovens e meia idade. Estudos sugerem que mais da metade das DAV são espontâneas, e podem estar associadas às infecções respiratórias ou gastrointestinais, mas o mecanismo ainda é incerto, e outras são causadas por traumas na região.
Descrição do Caso
Paciente sexo feminino, 44 anos, sem comorbidades, com história familiar de doença arterial coronariana, sem uso de medicação, interrompido contraceptivo oral há 1 mês. Iniciou quadro infeccioso com rouquidão, evoluindo com prostração, rinorreia, diarreia e êmese. Além disso, apresentou subitamente tontura, desequilíbrio da marcha e parestesia transitória do membro superior direito. Procurou a emergência, onde iniciaram hidratação e tratamento antiemético, porém sem melhora. Foi diagnosticada primeiramente como neurite vestibular periférica. Diante da intensificação da tontura e do exame neurológico com ataxia da marcha e nistagmo, foram solicitados exames de neuroimagem, elucidando o diagnóstico de dissecção da artéria vertebral direita na transição de V1/V2, estenose estimada em 65%, com embolização para artéria cerebelar póstero-inferior e acidente vascular em região cerebelar à direita. O RT-PCR para COVID-19 foi positivo. Descartadas as doenças autoimunes e outras infecções. Instituiu-se a dupla antiagregação plaquetária por 21 dias, seguida de clopidogrel por 6 meses, além de estatina e da reabilitação direcionada ao equilíbrio e coordenação. A melhora clínica foi gradual a partir do 4º dia de tratamento, apresentou melhora da marcha e segue em evolução satisfatória do equilíbrio e coordenação.
Conclusões
Os pacientes com DAV têm geralmente bom prognóstico quando é extracraniana e não apresentam alteração da consciência e déficits neurológicos, na ausência de comorbidades (hipertensão arterial, diabetes e tabagismo). Existem relatos na literatura de DAV associada ao COVID 19, que pode estar vinculado à disfunção endotelial e estado pró-trombótico e inflamatório gerados pelo vírus. É importante o conhecimento da patologia para diagnóstico e tratamento precoce, prevenindo desfechos fatais.
Área
Medicina
Instituições
Hospital São Lucas rede D’Or São Luiz - Sergipe - Brasil, Universidade Tiradentes (UNIT-SE) - Sergipe - Brasil
Autores
Rebecca Schuster Dorea Leite, Renata Franco Maciel, Luise Oliveira Ribeiro da Silva, Juliane Dantas Seabra Garcez, Luiz Flávio Galvão Gonçalves, Cristina Cabral Vieira Barreto, Thiago de Mendonça Lopes, Maria Lúcia Matos de Brito, Alexandre Duarte Costa, Amanda Azevedo Neves Araújo, Marcos Aurélio de Almeida Alves, Milena dos Santos Barros Campos