Congresso N-NE de Cardiologia 2023

Dados do Trabalho


Título

AMILOIDOSE CARDÍACA TRANSTIRRETINA SECUNDÁRIA A MUTAÇÃO VAL142ILE EM HOMOZIGOSE

Introdução

A amiloidose cardíaca transtirretina (ATTR) é uma doença rara, afetando cerca de 1 em cada 75.000 pessoas. Deve-se a um dobramento inadequado das proteínas, resultando na formação de fibrilas amiloides, que se acumulam no espaço intersticial entre os miócitos cardíacos. Tem etiologia genética de herança autossômica dominante, em decorrência de mutações em heterozigose no gene TTR. Indivíduos com homozigose, duas mutações neste mesmo gene, é ainda mais raro, com pouquíssimos relatos na literatura. Relatamos a recorrência de homozigose no gene TTR em duas pacientes (mãe e filha), ainda sem manifestações cardíacas da doença.

Descrição do Caso

Paciente 1: 76 anos, sexo feminino, primogênita de uma prole de sete irmãos de genitores consanguíneos. Recebeu o diagnóstico de síndrome do túnel do carpo bilateral (STCB), e que necessitou de tratamento cirúrgico. Ecocardiografia sob estresse físico (EEF) não mostrou achados típicos de amiloidose, enquanto a ressonância magnética revelou hipertrofia septal médio-basal, sem sinais de fibrose. A análise genética revelou a presença da variante p.Val142Ile no gene TTR em homozigose. Paciente 2: 47 anos, filha mais jovem da prole de três irmãos, resultante de um relacionamento consanguíneo da paciente 1 com um primo previamente diagnosticado com cardiomiopatia hipertrófica. Também apresentou análise genética positiva para a variante p.Val142Ile no gene TTR em homozigose. Além disso, apresenta STCB, assim como sua mãe, comprovada por eletromiografia e relata dor e parestesia nos membros superiores. Ecocardiografia com resultado normal até o momento.

Conclusões

A literatura aponta que o início e a intensidade das manifestações clínicas nos casos de mutações em homozigose no gene TTR são mais precoces e severas. Apesar de ambas pacientes apresentarem sintomas neurológicos comuns à ATTR, nenhuma delas apresentam ainda manifestações clínicas diretamente relacionadas a forma cardíaca da doença. A recorrência de consanguinidade nestas famílias certamente foi um fator de risco para homozigose. A identificação precoce de variantes genéticas associadas à doença pode permitir intervenções terapêuticas precoces e o desenvolvimento de estratégias de monitoramento adequadas visando prevenir ou retardar a progressão da doença cardíaca associada à ATTR.

Área

Medicina

Instituições

DNA Laboratório e Genética - Sergipe - Brasil, Rede D'or São Luiz - Sergipe - Brasil, Universidade Federal de Sergipe - Sergipe - Brasil

Autores

Beatriz Carolina de Araujo Pereira, Emerson Santana Santos, Pedro Lucas Cardozo Barros, Luana Dias Xavier, Antônio Carlos Sobral Sousa, João Victor Andrade Pimentel, Willian Moreira Leao e Silva, Larissa Rebeca Da Silva Tavares, Daniel Pio De Oliveira, Luiz Flávio Galvão Gonçalves, Irlaneide Da Silva Tavares, Joselina Luzia Menezes Oliveira