Dados do Trabalho
Título
Custo econômico, distribuição geográfica, mortalidade e perfil epidemiológico da insuficência cardíaca pediátrica no Brasil: uma análise de 2013 a 2022
Introdução
A insuficiência cardíaca (IC) é um problema de saúde relevante a nível global, sendo definida como síndrome clínica com sinais/sintomas originados de anormalidades cardíacas funcionais e/ou estruturais. Há, nesse sentido, relativa escassez de informações epidemiológicas sobre IC na população pediátrica, a despeito de sua demanda por assistência especializada traduzir-se em custos consideráveis. Esta lacuna de conhecimento torna, portanto, relevante uma análise a respeito da epidemiologia da IC pediátrica em um país populoso como o Brasil.
Métodos
Estudo ecológico, descritivo, retrospectivo, transversal e baseado em dados extraídos do Departamento de Informática do Sistema único de Saúde. Foram analisados o perfil epidemiológico e o custo econômico das hospitalizações por IC na faixa etária de 1 a 14 anos, considerando a quantidade total de hospitalizações e de óbitos, a taxa geral de mortalidade, a distribuição por região político-administrativa, o gênero e raça/cor dos pacientes e o somatório financeiro das internações. O período analisado foi a década 2013-2022.
Resultados
No período analisado, houve 14.506 hospitalizações por IC pediátrica no Brasil, com um custo total de R$41.339.990,49. A maior parte (85,4%) corresponde a serviços hospitalares. Geograficamente, a distribuição de internações foi desigual: a região Nordeste foi responsável pela maior parcela (36,2%), seguida pelo Sudeste (21,1%) e pelo Sul (17,1%). Este achado possivelmente está associado, sobretudo, à maior vulnerabilidade social da região Nordeste, com suas consequências diretas sobre o acesso tardio aos serviços de saúde, culminando em piores condições clínicas de admissão e em maior necessidade de hospitalização. Outro achado digno de nota diz respeito à relação entre os custos por região e suas respectivas densidades populacionais: houve uma diferença comparativamente pequena nos gastos com hospitalizações entre a região Nordeste (30,8%) e a região Sudeste (29,6%). O somatório total de óbitos foi de 758, traduzido em uma taxa de mortalidade de 5,23. Houve predomínio da raça/cor branca, e a mortalidade foi maior no sexo masculino
Conclusões
Torna-se evidente, à luz dos dados apresentados, a importância da IC pediátrica como uma questão de saúde para o Sistema Único de Saúde brasileiro. Análises subsequentes podem, nesse sentido, determinar estratégias para melhorias no sistemas de notificação, para a identificação de fragilidades na gestão de recursos e para a redução das taxas de mortalidade.
Arquivos
Área
Medicina
Instituições
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - Bahia - Brasil
Autores
João Vitor Xavier Santos, Ana Flávia Figuereido Souto Nepomuceno, Lorena Xavier Conceição Santos, Hellen Caroline Silva Costa