Congresso N-NE de Cardiologia 2023

Dados do Trabalho


Título

FATORES ASSOCIADOS À ISQUEMIA MIOCÁRDICA DE ACORDO COM O SEXO

Introdução

Os fatores de risco cardiovascular foram amplamente estudados nas últimas décadas. Se admitia que os homens sofriam mais eventos cardiovasculares e os fatores associados seriam semelhantes nos sexos. Nos últimos anos, houve maior atenção às diferenças entre os eventos cardiovasculares nos sexos e foi observado que mulheres desenvolvem doenças cardiovasculares 10 anos mais tarde e possuem mortalidade mais precoce pós infarto. Portanto, o objetivo do estudo foi comparar os fatores associados à isquemia miocárdica (IM) no sexo masculino e feminino.

Métodos

Trata-se de um estudo observacional, analítico, transversal, realizado por meio do maior registro de ecocardiografia sob estresse físico do Brasil. Foram executados os testes Qui-quadrado, teste t de Student e regressão logística binária (método forward). Os grupos foram diferenciados de acordo com o sexo. O nível de significância foi fixado em 5%.

Resultados

Foram incluídos 15047 pacientes, sendo 48,1% (7245) do sexo masculino e 51,8% (7802) do sexo feminino. A idade média das mulheres foi 58,7±11 anos e dos homens foi 56,9±11,7 anos (p>0,05). Os homens apresentaram mais IM (30,9% vs. 26,4%; p<0,001). Quanto aos fatores de risco para IM, os homens apresentaram maior consumo de bebida alcóolica (44% vs. 40%; p<0,001), foram mais diabéticos (7,1% vs. 5,0%; p<0,001), apresentaram maior IMC (x̅ 26 vs. 25,7; p=0,004) e circunferência abdominal (x̅ 98,6 vs. 90 p<0,001). As mulheres apresentaram mais história familiar de DAC (31% vs. 26%; p<0,001), mais sedentarismo (28,6% vs 24,3%; p<0,001) e foram mais hipertensas (30% vs. 29%; p<0,001). Sem diferenças quanto à dislipidemia (p=0,506), tabagismo (p = 0,194) e obesidade (p=0,346) entre os grupos. Os preditores para IM em mulheres foram dislipidemia (p<0,001; OR 1,63), antecedentes familiares (p<0,001; OR 1,87), hipertensão (p=0,016; OR 1,29). Os preditores para IM nos homens foram tabagismo (p=0,009; OR 1,25), diabetes (p<0,001; OR 1,54), dislipidemia (p<0,001 OR 1,87) e antecedentes familiares (p<0,001, OR 1,40).

Conclusões

Os homens apresentaram mais isquemia miocárdica que as mulheres, bem como mais fatores de riscos (etilismo, diabetes, IMC, circunferência abdominal). Embora o tabagismo tenha sido igualmente presente em ambos os sexos, ele foi preditor de isquemia miocárdica apenas em homens, provavelmente devido à maior carga tabagica neste grupo. Dislipidemia e antecedentes familiares de DAC foram fatores preditores para isquemia em ambos os sexos.

Área

Medicina

Instituições

Hospital São Lucas - Rede D'or São Luiz - Sergipe - Brasil, Universidade Federal de Sergipe - Sergipe - Brasil

Autores

Gabriela Oliveira Salazar, Allexa Gabriele Teixeira Feitosa, Camille Marques Aquino, Joana Raquel Cardoso Santos, Jamison Vieira Matos Junior, Mateus Vasconcelos Fonseca, Isadora Pinheiro Urquieta, Iana Carina Machado Bispo, Stephanie Macedo Andrade, Evilyn Santos Mota, Antonio Carlos Sobral Sousa, Joselina Luzia Menezes Oliveira