Dados do Trabalho
Título
INFLUÊNCIA DA AUTOAFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL NO CONTROLE DA PRESSÃO, AUTOMEDICAÇÃO E IDA À URGÊNCIA
Introdução
Uma das estratégias de controle da hipertensão, preconizada por algumas diretrizes, é a autoferição da pressão arterial (PA), definida pela World Hypertension League como a aferição da PA realizada por pacientes ou familiares, não profissionais de saúde, fora do consultório ou ambiente hospitalar. A principal vantagem dessa estratégia seria a possibilidade de obter uma estimativa mais factual dessa variável. No entanto, os benefícios dessa prática ainda não são unânimes, principalmente pelo grau de confiabilidade das autoaferições realizadas.
Métodos
O objetivo foi avaliar se há associação entre a automedida não padronizada da PA (AMPA) e o controle da hipertensão arterial sistêmica (HAS), automedicação e ida à urgência por causa hipertensiva. Trata-se de um estudo observacional, analítico e transversal. As informações foram obtidas por meio de questionário padronizado e prontuários de pacientes atendidos em ambulatórios de cardiologia de Sergipe (Brasil). Foram incluídos adultos com HAS. A PA foi considerada controlada quando as pressões sistólica e diastólica não ultrapassaram 130mmHg e 80mmHg em pacientes de baixo risco ou 140mmHg e 90mmHg em pacientes de alto risco, respectivamente. Os testes realizados foram Shapiro Wilk, Qui-quadrado com odds ratio e teste U de Mann-Whitney. Adotou-se nível de significância de 5%.
Resultados
A amostra foi composta por 1000 pacientes, com idade média de 61 ± 12,5 anos, e 57,1% eram mulheres. A AMPA foi praticada por 44,7%. A maioria (94%) utilizava aparelho digital para autoferição e 21,1% tinham conhecimento da necessidade de calibração anual do aparelho, que foi realizada em 10,7% do total. A maior frequência de autoferição na população foi de 1 a 3 vezes/dia (35%). O sintoma que mais induziu a AMPA foi a cefaleia (44,4%; p<0,001). Os comportamentos mais prevalentes após a verificação da PA elevada foram não fazer nada (49,9%) e automedicação (26%), seguido de procurar urgência e tentar contato com o médico (22,8% e 1,3%). 99,2% relataram que não havia orientação sobre como aferir a PA. Pacientes com comorbidades realizam mais AMPA (p=0,005), incluindo diabéticos, dislipidêmicos, portadores de doença arterial obstrutiva (p<0,001) e acidente vascular cerebral (p=0,010). A AMPA esteve associada ao não controle da PA, atendimentos de urgência no último ano por causa hipertensiva e à automedicação (p<0,001).
Conclusões
A AMPA, praticada por 44,7% da amostra, associou-se ao não controle da HAS, automedicação e a mais idas à urgência.
Arquivos
Área
Medicina
Instituições
Hospital São Lucas - Rede D'or São Luiz - Sergipe - Brasil, Universidade Federal de Sergipe - Sergipe - Brasil
Autores
Gabriela Oliveira Salazar, Glessiane Oliveira Almeida, Felipe J Aidar, Marcos Antonio Almeida-Santos, Claudia Bispo Martins Santos, José Icaro Nunes Cruz, Ana Flávia Silveira Souza, Artur Neves Cardoso, Joselina Luzia Menezes Oliveira, Enaldo Vieira Melo, José Augusto Soares Barreto-filho, Antonio Carlos Sobral Sousa