Dados do Trabalho
Título
RELIGIOSIDADE E ESPIRITUALIDADE COMO UM NOVO PARADIGMA NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Introdução
Religiosidade e Espiritualidade (R/E), apesar de entidades diferentes, são construtos multidimensionais, cuja influência sobre a saúde cardiovascular tem sido cada vez mais estudada nas últimas décadas, havendo um crescente número de pesquisas que apontam relações entre R/E e menores prevalências de dislipidemia, hipertensão arterial, diabetes, mortalidade geral e cardiovascular. Desse modo, o objetivo desse estudo foi discriminar pacientes em subgrupos segundo os níveis de R/E, a fim de compará-los quanto às distribuições de comorbidades cardiovasculares e eventos clínicos prévios.
Métodos
Trata-se de um estudo observacional, transversal, de caráter analítico. Foram aplicadas duas escalas de R/E em uma amostra de pacientes atendidos em ambulatórios de cardiologia de três centros de referência em Sergipe (Brasil). Utilizou-se uma análise de clusters para discriminar os indivíduos em subgrupos quanto aos níveis R/E, os quais foram, posteriormente, comparados quanto às frequências de variáveis relacionadas à saúde cardiovascular, por meio de testes Qui-Quadrado e T de Student. Nível de significância de 5% foi fixado para os testes estatísticos.
Resultados
A amostra incluiu 237 pacientes com idade média de 60,8 ± 10,7 anos, dos quais 132 eram do sexo feminino (55,7%). A análise de clusters discriminou dois grupos: o cluster 1 (C1), com menores níveis de R/E, e o cluster 2 (C2), com maiores níveis de R/E (p<0,001). O C2 apresentou menor frequência de consumo de álcool (29,5% vs. 76,0%; p<0,001), tabagismo (12,9% vs. 51,0%; p<0,001), hipertensão arterial sistêmica (65,5% vs. 82,3%; p=0,005), dislipidemia (58,3% vs. 77,1%; p=0,003), síndrome coronariana crônica (36,7% vs. 58,3%; p=0,001) e de eventos cardiovasculares prévios (15,8% vs. 36,5%; p<0,001) quando comparado ao C1. Constatou-se, também, maior frequência do sexo feminino no C2 (82,0% vs. 17,7%; p<0,001).
Conclusões
Foi observado melhor perfil de morbidade cardiovascular no grupo de pacientes com maiores níveis de R/E, o que sugere uma possível relação positiva entre R/E e saúde cardiovascular. Além disso, o sexo feminino foi mais frequente no grupo de pacientes com maiores níveis de R/E. Esses achados ratificam a importância da abordagem desse tema durante o seguimento ambulatorial como uma forma de promoção de saúde.
Área
Medicina
Instituições
Hospital Primavera - Rede Primavera de Saúde - Sergipe - Brasil, Hospital São Lucas - Rede D'Or São Luiz - Sergipe - Brasil, Universidade Federal de Sergipe - Sergipe - Brasil
Autores
José Icaro Nunes Cruz, Adelle Cristine Lima Cardozo, Enaldo Vieira de Melo, Camille Marques Aquino, Jade Soares Dória, Gabriela de Oliveira Salazar, Bruna Souza Matos de Oliveira, Mariano César de Souza Reis, Diego Maldini Borba de Lima, Philipi Santos Soares, Antônio Carlos Sobral Sousa, Joselina Luzia Menezes Oliveira