Congresso N-NE de Cardiologia 2023

Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇÃO DE DISFUNÇÃO VENTRICULAR ESQUERDA POR MEIO DE MAPEAMENTO T1 NATIVO À RESSONÂNCIA MAGNÉTICA CARDÍACA

Introdução

A fisiopatologia da disfunção ventricular compreende remodelamento cardíaco com formação de fibrose cardíaca difusa, alterações marcadoras de mau prognóstico. O mapeamento T1 nativo, realizado por meio da ressonância magnética cardíaca (RMC), é um método não invasivo de avaliação de áreas cardíacas de risco, dentre elas as áreas de fibrose, sendo esta técnica um marcador sensível de morbimortalidade cardiovascular. Nesse sentido, o objetivo desse estudo foi relacionar o mapeamento T1 nativo com parâmetros da RMC relacionados à disfunção ventricular.

Métodos

Trata-se de um estudo observacional, transversal, de caráter analítico. A amostra incluiu 225 voluntários que realizaram RMC em 2021 em um serviço hospitalar localizado em Sergipe (Brasil). O modelo da máquina utilizado possui campo magnético de 1,5 Tesla. Por meio da RMC, foi realizado o mapeamento T1 nativo do ventrículo esquerdo, o qual foi comparado com outras variáveis do exame relacionadas à função ventricular. A análise estatística foi realizada por meio de teste de Mann-Whitney e análise de variância (ANOVA) de uma via corrigida com bootstrapping e post-hoc de Games-Howell. Nível de significância de 5% foi fixado para todas as análises conduzidas.

Resultados

A mediana de T1 nativo na amostra total foi de 1036 ms (IQR: 1008-1067 ms). Os valores do mapa T1 nativo foram significativamente maiores nos indivíduos com indicadores de alterações da função cardíaca, entre elas: volume diastólico final do ventrículo esquerdo aumentado (1055,5 vs. 1035,0 ms; p=0,003); massa do ventrículo esquerdo aumentada (1066,5 vs. 1034,0 ms; p<0,001); tamanho do átrio esquerdo aumentado (1053,0 vs. 1033,0 ms; p<0,001); e volume extracelular aumentado (1055,0 vs. 1013,5 ms; p<0,001). O mapa T1 nativo também foi superior nos indivíduos com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) reduzida em relação aos indivíduos com FEVE preservada (1143,53 vs. 1032,03 ms; p=0,001), bem como entre os indíviduos com FEVE limítrofe e FEVE preservada (1077,35 vs. 1032,03 ms; p=0,007).

Conclusões

Mapeamento T1 nativo elevado demonstrou associação com maior volume diastólico final do ventrículo esquerdo, maior massa de ventrículo esquerdo, maior dimensão do átrio esquerdo, além de estar relacionado à fração de ejeção reduzida do ventrículo esquerdo. Desse modo, o estudo corrobora observações de outros pesquisadores, ratificando a factibilidade do mapeamento T1 nativo na avaliação de insuficiência cardíaca.

Área

Medicina

Instituições

Hospital São Lucas - Rede D'Or São Luiz - Sergipe - Brasil, Universidade Federal de Sergipe - Sergipe - Brasil

Autores

José Icaro Nunes Cruz, Luiz Flávio Galvão Gonçalves, Gabriela de Oliveira Salazar, Cláudia Bispo Martins-Santos, Lara Teles Alencar Duarte, Ana Flávia Silveira de Souza, Evilyn Santos Mota, Joana Raquel Cardoso dos Santos, Nilson César Menezes Santos, Rafael Andersen Alves da Cruz Luz, Antônio Carlos Sobral Sousa, Joselina Luzia Menezes Oliveira